domingo, 13 de maio de 2012

Agradecido por trabalhar no Brasil, Volcan diz que não entende dispensa


Assustado por demissão no meio dos playoffs, ex-técnico do Uberlândia diz que gostaria de ter continuado à frente do time.


Quase um mês após a dispensa do comando técnico do time do Uberlândia – entre aparições nos jogos da equipe mineira e viagens para acompanhar outras partidas da temporada do NBB-4 – o técnico uruguaio Miguel Volcan resolveu falar sobre a saída do clube em abril. A decisão não só o pegou de surpresa, como também a comissão técnica e jogadores. O ex-treinador do Uberlândia também falou sobre o relacionamento com o grupo, a queda de rendimento depois da lesão de Valtinho e da admiração pelo basquete brasileiro.

Mesmo depois de tentar entender o que teria acarretado a demissão, Volcan a classifica como “sem lógica” diante da campanha frente à equipe. Sob seu comando, o Uberlândia chegou a estar entre os líderes da competição.

- É difícil de entender, principalmente pelos momentos anteriores. Mas, depois da derrota para o Tijuca a diretoria me procurou. Disseram que o time não tinha feito uma boa partida e que eu não era mais treinador. Isto é tudo – relembrou.

Volcan afirmou que outro motivo que o deixou espantado com a decisão foi a fase do campeonato em que foi dispensado. Para ele, a decisão poderia ter sido antes do início dos playoffs, ou após o término da competição para não correr o risco de comprometer a atuação do time na competição. Mas ele se diz conformado.


- Cada um pensa no que fez, sabe se agiu corretamente ou não. Precisam de um diálogo interno. Quando para pensa e analisa, sabe se agiu certo ou não. Mas no esporte estamos expostos a isso. Tem duas coisas que aprendi na vida: ser uma pessoa boa e ser um bom profissional, nesta ordem. Estou tranquilo de que fui um bom profissional e uma boa pessoa – disse Volcan.



O treinador ressaltou que o único problema com o grupo era por indisciplina tática, mas que ele considerou questões normais de trabalho. Ele descartou, inclusive, que tenha tido algum tipo de problema, sobretudo, que influenciasse a saída dele do clube.
- Problemas que tínhamos era de trabalho, indisciplina tática, sobretudo defensiva, mas não pessoal. Pelo menos na minha frente nunca tivemos nenhum problema. Sou uma pessoa aberta para diálogo, caso houvesse algum pensamento diferente, poderiam me falar. Minha relação foi sempre cordial, de respeito e de trabalho – garantiu o técnico.

Valtinho fez falta


Volcan separou o período em que esteve no comando no time de basquete de Uberlândia em três temporadas: a primeira com Valtinho, a segunda sem o armador e a terceira com o atleta machucado. Sem ele, o treinador admitiu que a performance do time não foi a mesma e caiu o rendimento.

- Valtinho fez falta por dois fatores: pela liderança que tem em quadra e pela falta de suplentes à altura dele. Quando montaram a equipe no início da competição não pensaram que ele poderia ficar fora tanto tempo. O atleta se machucou, não contrataram outro e a temporada transcorreu. Falei com todos sobre um novo jogador, mas ele não chegou e isso definiu a temporada do time – explicou.

Para o uruguaio, o armador Henrique Coelho teve que assumir uma responsabilidade para a qual ainda não estava pronto e que o ala/armador Robby Collum não estava em sua posição de origem quando começou na posição.


- O Henrique é um atleta com grande potencial, vai ganhar experiência e ser ainda melhor. Ele é ético, trabalhador e disposto a aprender, não tenho duvida que será um grande jogador. Mas para uma equipe que quer estar entre os quatro primeiros, ele ainda não estava pronto. Sugeriram o Collum, mas ele não era jogador da posição e acabou saindo da origem dele – salientou Volcan.
Volcan admitiu que precisava e queria mais tempo para ajustar a equipe do jeito que ele queria. No entanto a pressão por resultados fez com ele apenas ajustasse o que considerava que estava errado.
- Trabalhei na medida em que pude, mas poderia dar muito mais. A pressão por resultado era grande e não dava tempo de mudar o que eu queria – afirmou.
5º lugar é o ideal

Com o investimento feito pelo time de basquete de Uberlândia, o quinto lugar na primeira fase foi o ideal na visão do treinador uruguaio, que comparou o orçamento do time mineiro com os quatro primeiros colocados.

- As quatro equipes que ficaram acima – São José, Pinheiros, Brasília e Flamengo - tem maior orçamento e talento. Outros times que também investiram mais que o Uberlândia, como Franca e Limeira, ficaram em posições inferiores. Por isso, digo que a competência coloca a equipe onde ela deve estar. A quinta posição não está ruim, apesar de não ser a ideal – analisou Volcan.


Mesmo considerando que o Uberlândia ficou bem colocado na tabela, Volcan volta a lembrar do armador Valtinho. O ex-treinador do Uberlândia reforça que, com o armador em quadra, a expectativa seria outra.

- Se ele não tivesse machucado não tenho dúvidas de que o Uberlândia estaria entre os quatro primeiros. Com o Valtinho melhor em quadra, os jogos seriam diferentes – disse.


Brasil: potência do basquete

Antes de trabalhar no Brasil, Volcan treinou equipes do México, Uruguai e Argentina. O que o atraiu a trabalhar no país, segundo Volcan, foi perceber o crescimento da liga que ele classifica com um grande potencial.

- Vejo que o Brasil pode chegar a ter uma das maiores competições do mundo. A raiz está nas competições internas. A estrutura de base somada à evolução da liga é importante para o crescimento do basquete brasileiro. No país tem muita gente, tem a mistura de raças que ajuda muito na parte atlética e tradição no esporte. Em quatro anos, na Olimpíada de 2016, não tenho dúvida que seguindo o trabalho, o Brasil tem chances de ser uma potência.

Sem propostas e curtindo férias, o treinador continua assistindo aos jogos dos playoffs do NBB-4, segundo ele para aprender e fazer análises mais profundas do basquete nacional, esporte que ele se diz agradecido pela possibilidade de ter trabalhado.

- Vou assistir a alguns jogos para aprender e ser crítico e mais profundo nas análises. Fora isso só tenho que agradecer ao Uberlândia pela possibilidade de ter trabalhado no país e conhecido ainda mais sobre o basquete brasileiro – concluiu.



Por Felipe Santos
Uberlândia, MG

Fonte: Globo Esporte

http://globoesporte.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2012/05/agradecido-por-trabalhar-no-brasil-volcan-diz-que-nao-entende-dispensa.html

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